Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.







Pessoa,
80 anos após a tua morte, homenageio-te por seres um génio da Língua Portuguesa.
Contigo partilho a paixão pela língua e aprendi a gostar de poesia, não sei se pela mensagem que passas, ou da forma com que o fazes.
Gosto do que escreves e vejo que em mais de 80 anos, a tua poesia se mantém atual.
Hoje mais do que nunca sei que, "pensar é estar doente dos olhos" do mesmo modo que acredito que "Há tanta suavidade em nada se dizer"
Gosto de escrever mas não, nunca, ousarei comparar-me a ti. A teu lado “Não sou nada./Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”









És cidade, és casa e és paixão.
Contemplo, desde o primeiro dia o teu espaço, as tuas praias, as tuas pontes, o teu rio, os teus monumentos, os teus jardins e as tuas gentes.
 Às tuas ruas não falta o sol de inverno que aquece a alma e o frio penetrante que arrefece o corpo, atravesso as tuas ruelas na esperança de, no outro lado descobrir a tua essência e entro nos teus becos para sentir que te conheço por dentro.
Estudo a tua história e vejo correr no teu rio as memórias d’Ouro do teu passado.
Sinto a azáfama quotidiana do teu povo genuíno e daqueles, que tal como eu, te escolheram para estudar e viver, em ti marcar diferença e fazer parte da tua história.
Hoje, não sei se sou eu que faço parte de ti ou tu que já fazes parte de mim. Sei apenas que seremos sempre amigos.
És o Porto da cultura e do turismo, és o Porto dos estudantes e és agora, o meu Porto.

A ti.

                                                                                          Kirill Neiezhmakov
    4 de Outubro de 2015, dia de eleições legislativas e mais um marco na minha vida enquanto cidadão nacional. Exerci pela primeira vez o meu direito ao voto.

    Senti que passei a ter uma voz dentro da Assembleia da República, voz essa que irá lutar pelos interesses nacionais, defendendo-os.

     Desde muito cedo que me interesso pela vida política do meu país e hoje usei o meu voto com três objetivos claros e que considero essenciais: justiça social, estabilidade economico-financeira e oportunidade de emprego jovem (para que, quando licenciado, não seja convidado a abandonar o país que me viu crescer).

    A minha decisão foi pensada e o meu voto irrevogável.

    Votar é mais do que um direito, um dever, com o voto temos todos o mesmo poder!

    Confio no meu voto e acredito verdadeiramente, que há uma alternativa mais viável para o meu país!



Uma construção espantosa, uma paisagem soberba e um ambiente naturalmente acolhedor, é assim que é recebido o visitante dos Passadiços do Paiva.

Facebook Passadiços do Paiva - Fotografia


Em Arouca, entre a Praia Fluvial do Areínho e a Praia Fluvial de Espiunca, ergueram-se, paralelamente ao Rio Paiva, os mais conhecidos passadiços da atualidade.

Inaugurada a 20 de Junho de 2015, esta monumental construção em madeira permite o acesso a zonas até aí apenas frequentadas por pescadores e caçadores.


Durante todo o percurso o visitante é presenteado com uma paisagem encantadora, podendo observar 5 dos 41 geossítios do Arouca Geoparque, a fauna e a flora, incluindo espécies raras.

Na Praia Fluvial do Vau, mesmo a meio do percurso, as águas límpidas do Paiva convidam a um mergulho refrescante e, é possível, atravessar a ponte suspensa que liga as duas margens do rio.

Infelizmente a inconsciência e, ouso dizer, falta de formação e estupidez, de alguns utilizadores desta construção ladeada pelo Paiva em todo o seu percurso, faz com que estes façam das margens, e mesmo do rio, um depósito de lixo a céu aberto, em pleno Património da Humanidade, reconhecido pela UNESCO, desde 2009.

Além disso, os incendiários, que me atrevo a comparar ao Jihadistas, pela destruição maciça do património, não descansaram enquanto as labaredas não chegaram aos passadiços e destruíram cerca de 600 metros desta estrutura, que leva os seus utilizadores ao contacto com a natureza no seu estado mais puro.

Diário de Aveiro - Fotografia                                                                        TVI24 - Fotografia
 
    Todavia, o Município de Arouca, reuniu todos os seus esforços e de tudo está a fazer para, no mais curto espaço de tempo, devolver a todos aqueles, que cívica e conscientemente queiram usufruir dos passadiços, o façam em plena segurança.

“Quando estiver tudo acabado, vamos repor as tábuas todas outra vez. É o que tem de ser feito e é o que vamos fazer” 
                                                                          Eng. Artur Neves - Presidente CMA
                                                                                                     

                 
          É possível usufruir de novo deste Património, desta paisagem e deste Rio...o Paiva
   As tuas férias estavam a chegar ao fim, foram 15 dias fantásticos, entre a piscina, os Passadiços do Paiva e as fantásticas paisagens que Arouca te proporcionaram.

   Eu, ansiava o dia do teu batizado desde que fui convidado, pelos teus pais, para padrinho.

  Senti a felicidade como nunca tinha sentido antes, uma verdadeira mistura de sensações, um sorriso descontrolado, um arrepio confortavelmente estranho e uma enorme responsabilidade.

   Segurei na tua pequena mão e senti que eras, a partir daquele momento, uma pequena parte de mim, uma parte frágil, é certo, uma parte que requer uma atenção especial e um carinho extra, partilhado na hora certa.

   Hoje sou padrinho, sou o teu padrinho Santiago e sabes que estou aqui para ti.

   A distância não separa o que sentimento une.







"Será que serei o herói da minha vida ou esse lugar será ocupado por outra pessoa?"
                                                                                        em "Os Gatos não têm vertigens" de António Pedro Vasconcelos
Uma realidade "à frente" dos olhos de cada um de nós, cidadãos supostamente conscientes.

Portugal pode, definitivamente, mais, pode fazer mais pelos mais desfavorecidos, pode mais contra as desigualdades sociais e pode mais na luta pelos direitos humanos.

O Poder está à distância de um gesto. As palavras devem passar aos atos e mais uma vez, a dignidade deve ser um direito universal … respeitado.

Se a democracia é a forma de governo vigente em Portugal, isto é, se o poder está, como querem transparecer, no povo, tratai esse mesmo povo de igual forma, desde os mais ricos até aos mais pobres, perante a lei têm todos o mesmo poder…o voto!



Fonte: "O Guardador"
Arouca encheu, o convento abriu e recontou-se a história.

Foram mais de 15 dias de preparação que culminaram em 3 fantásticos dias de festa em Arouca.

Os bombos saíram à rua, a charamela tocou, as bandas entraram em despique e contaram-se lendas na forma de teatro de qualidade.

As monjas voltaram a habitar o convento, foi feito o escrutínio para a eleição da abadessa, as freiras reuniram-se na sala do capítulo e com medo dos franceses... fugiram. Na porta da caridade, os mendigos pediram comida e roupa às monjas e foram abandonadas duas crianças na roda do mosteiro. 

A vida quotidiana desenvolveu-se no espaço de clausura e nas ruas da vila, o Conde de Almada visitou Arouca e a sua prima no convento, ilustres solicitaram audiências com as monjas, a abadessa recebeu fidalgos e músicos na Casa do Despacho, Carlos Gimac, arquiteto do convento após o incêndio, apresentou um novo projeto e visitou as obras de cantaria e por fim Frei Simão foi preso e escoltado.


Agora que fechadas as portas do passado e o regresso da vila de Arouca ao séc. XXI, é tempo de balanço:

Nada neste evento seria possível sem a valiosa parceria entre a Câmara Municipal de Arouca, cerca de 250 figurantes e a Panmixia - associação cultural, uma associação que se dedicou a 100% a esta recriação e que me acolheu na sua equipa. Estou-lhes verdadeiramente agradecido pela oportunidade e experiência de estar a trabalhar com profissionais de excelência, que me fizeram adquirir e consolidar capacidades na área da programação, produção e coordenação de eventos de cariz cultural. 

A toda a equipa da Panmixia um enorme bem-haja.


José Carretas, Margarida Wellenkamp, Evelina Marques Beatriz Carretas, Emílio Gomes, João Pamplona, Susana Madeira, Margarida Carvalho, Sílvia Santos, Laura Silva e Ana Carretas.
Porta da Caridade


Pregoeiro: Carlos Barbosa
Panmixia

Lavadeiras: Juliana Madureira e Mariana Tavares

Moças: Inês Tavares e Maria Vilar
Arquiteto Gimac (António Fernandes) e Abadessa (Isabel Brandão)
Cordel: Carlos Barbosa,
Alexandre Monteiro e Gonçalo Pinto

Vista Panorâmica - Público


As Brasileiras: Liliana Ferreira, Ana Bastos e Liliana Pinto















Parte da equipa
Fotografias: Paulo Almeida; Olhar Mansores e Município de Arouca
Vejo gente de todas as idades
Quando deambulam pela rua
Gente sorrindo de felicidade
E gente com a alma vazia e nua


Falta um sorriso no rosto
E uma vontade de viver
Capacidade de conquistar
Antes de morrer

Porque a morte é certa
E a vida tem um fim

Se é possível viver feliz?
É possível, sim.

                                                     André Vilar, Escrita Incerta

Arrepende-te somente daquilo que não fizeste!
Esta página mudou, tem uma nova imagem e o objetivo de sempre.
É a mudança de um ciclo, onde as realidades são possíveis.


Nunca esquecendo aquela “Escrita incerta”, onde tudo começou, tenho, hoje a certeza que o tema continuará incerto, que na opinião da Professora Manuela Borges, só o é pela incerteza do sentimento, pela subjetividade da emoção ou pela fugacidade do momento.

Por agora são só Possíveis Realidades


     A liberdade conquistada em abril de 1974 veio por fim ao conceito de preso político, um individuo que ao exprimir a sua discordância com o regime era encarcerado numa prisão.
   
     Considero-me um leigo no assunto, no entanto, a prisão de José Sócrates, primeiro-ministro português entre 2005 e 2011 e com um enorme poder de oratória, é, para mim, mais do que uma injustiça, uma questão política.

(Será coincidência a detenção de Sócrates na véspera da eleição do secretário - geral do Partido Socialista?)

   "Prende-se para melhor se investigar. Prende-se para humilhar, para vergar. Prende-se para extorquir, sabe-se lá que informação. Prende-se para limitar a defesa: sim, porque esta pode "perturbar o inquérito". Mas prende-se, principalmente, para despersonalizar. Não, já não és um cidadão face às instituições; és um "recluso" que enfrenta as "autoridades": a tua palavra já não vale o mesmo que a nossa. Mais que tudo - prende-se para calar." 
Excerto carta de José Sócrates.

     Acontece que nem a prisão, nem a comunicação social, nem tão pouco os seus opositores calaram Sócrates. Este senhor, de personalidade forte e convicções assertivas, foi vítima de um julgamento em "praça pública" através da difamação da sua imagem, dias a fio, na abertura de todos os noticiários e capas de jornais e revistas.


     Este caso, expõe ainda um "novo" conceito: segredo de justiça. Onde está o segredo que a teoria quer transparecer aplicado na prática?

     Não acredito na total inocência de Sócrates pois não quero acreditar que a justiça nacional está tão mal ao ponto de prender um inocente, todavia, acredito que a medida de coação, imposta durante seis meses a este cidadão, é tão injustas quanto exagerada.

     Creio que perante a lei, um suspeito tem direito à liberdade até à condenação e direito à dignidade toda a vida.

     A justiça precisa urgentemente de uma reforma

     Sócrates não é mais do que um preso político, claramente noutra dimensão comparativamente aos anos que antecederam abril de 1974, mas com semelhanças significativas.

    Felizmente, a justiça veio dar razão ao Homem, a dignidade humana vingou e hoje José Sócrates está livre!


     Hoje sinto-me nostálgico, surgiu uma saudade do meu 12º ano, daquele pessoal e sobretudo de todos aqueles anos do secundário que culminaram naquele momento, naquele baile de finalistas.

     Recordo aquele dia com um sorriso no rosto por saber que depois deste ano, novos trilhos foram traçados, novos horizontes avistados, novos sonhos a alcançar e amizades fortalecidas.~


"Um dia a maioria de nós ira separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos,
dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos."


     Embora saiba que a separação, ainda que temporária, seja inevitável, farei de tudo para me manter próximo daqueles que me fizeram crescer e que me acompanharam.







(http://www.dnoticias.pt/denoticias/sonhos/357385-um-dia-a-maioria-de-nos-ira-separar-se)
Vejo o horizonte
E contemplo o mar
É o meu Porto seguro
Como o Porto em que estou a habitar

Já pensei em seguir caminho
E seguir um novo rumo
Algo me prende aqui
A este pequeno mundo

Talvez hoje o sol não surja
E as nuvens domem o céu
Sentirei um enorme vazio
E perderei a essência do eu.
Acredito que esta era a publicação certa para assinalar este dia.

Vou tentar descrever
Com todas as minhas emoções
O amor que eu Sinto
Pela Língua de camões

Seja na Escrita ou na Leitura
Admiro sempre a sua Beleza
Só isso posso admitir
Só de isso tenho a certeza

O seu sentimento em cada poema
A sua história em cada aventura
A sua liberdade de expressão
Alcançada após o fim da ditadura

Através da nossa língua
Criamos grandes epopeias
Esta Língua sem descrição
Que me escorre nas veias

Orgulho-me de ser português
Sou nacional não importado
Nasci aqui, Mãe, Pai

Muito Obrigado
                                             Tiago Pinho


Apresentação do livro Escrita Incerta | Autor do prefácio, Tiago Pinho
Faço minhas as palavras do Tiago, um rapaz que sabe o que diz e que já mostrou o que valia em várias áreas. Poeta de excelência e ator de qualidade extrema.
Autor do prefácio do meu livro e certamente com um futuro à sua medida
Um bem haja a este jovem promessa arouquense e sobretudo português.
   Sai de casa, escreve a tua própria história, não deixes que o destino decida a tua vida, contraria-o.
 
   Faz o que te apetece (com moderação).
 
   Ri, chora de tanto rir, expressa-te, mas não pares de viver do jeito que queres.
 
   A vida é tua, segue o teu rumo, vive em família e abraça um amigo.

   Sai à rua, corre pelos verdejantes relvados da aldeia, grita, solta-te, descobre-te mas sobretudo sonha.
 
    Planta uma árvore e vê-a crescer, abre um caderno em branco e preenche-o, lê um livro e decifra a mensagem.

    Faz da tua vida um jogo, escreve as regras e quebra-as. Vive o hoje incessantemente, amanhã só será tarde se quiseres que o seja.
   Bondade, preocupação e animação, três caraterísticas que te definirão para sempre.
   
   Só agora consegui escrever algo para ti, não sei se por falta de coragem ou por não me conseguir conformar com a tua partida. Sempre soube que a vida era efémera, tão efémera quanto injusta.
   
   Acredito verdadeiramente que agora te encontres na paz para a qual sempre trabalhaste.
   
   Agora vejo em cada flor plantada e cuidada por ti, o amor que depositaste em cada um dos teus 21 sobrinhos, 11 irmãos, 7 cunhados e todos aqueles para quem foste uma verdadeira mãe.
   
   Infelizmente a impotência do homem perante a doença fez com que partisses cedo demais.

   Agora custa-me entrar no teu quarto, senti o teu cheiro e não te ver.

   Obrigado por me ajudares a construir a pessoa que sou hoje, por toda a dedicação e por todas as vezes que me chamaste à atenção, ora por calcar as flores, ora por resmungar com tudo o que me mandavas fazer.


Até sempre Tia Fatinha!

Saudade
As nuvens choram
E eu também
Talvez por motivos diferentes
Sei que não estou bem

Com fragilidades interiores
Mostro a postura de durão
Tenho medos e receios
É estar com o coração na mão

É inevitável não chorar
Com tal realidade
Sou um jovem frágil
E ainda de pouca idade

É sempre a idade
Talvez por pouca experiência
Falta de maturidade
E tanta inocência
Saudade, Escrita Incerta
     Entrei neste mundo e não tinha chão nem teto, tinha apenas aspirações de futuro que me faziam aguentar de pé nesta realidade.
     Nos primeiros tempos, senti que não precisava de nenhuma daquelas pessoas porque, afinal de contas, amigos tenho alguns e conhecidos bastantes.
     Hoje tenho a certeza que GP e o Porto me apresentaram as pessoas certas, tão certas quanto fantásticas, capazes de saber aproveitar cada momento e de apoiar qualquer pessoa independentemente da dificuldade que surja.
     Hoje tenho a certeza que cada uma destas pessoas, com histórias e passados nem sempre fáceis , realidades diferentes e uma vontade de vencer inalcançável, me tornaram uma pessoa mais completa
 
     Hoje tenho a certeza que merecem o meu agradecimento,
     Aos GPinhos ala esquerda, um bem haja.

O vosso arouquense

Ana, Inês, Rui, Sofia, Daniel, Mariana, Pedro, André, Beatriz
(Catarina)



   Mais do que uma "geração à rasca", Portugal vê agora crescer uma geração sem escrúpulos, com prazer na humilhação e cujo futuro está comprometido à violência.
   No inverno ou no verão, de noite ou de dia, na via pública ou em propriedade privada, deve-se ter em atenção o facto de estarmos a falar de de seres humanos que têm direito a uma vida digna e , desse modo, tem de ser respeitada.
   Se os jovens de hoje são os adultos (supostamente responsáveis) de amanhã, deve-se também educar para a diferença e não para a indiferença que é cada vez mais notória, abala a sociedade e destrói
os valores da dignidade humana conquistados ao longo dos tempos.
   Desta forma, a geração continuará à rasca, de outro modo, é certo, mas com repercussões semelhantes.



Estas que antes eram apenas imagens que davam cor às paredes do meu quarto são hoje muito mais do que isso.

Antes segurava nos meus braços esta criança como se fosse um pequeno mundo e é agora uma parte do meu...

Sou padrinho, algo que sempre quis ser, algo que sempre quis ser desta criança, quer pela relação que sempre tive com a mãe, quer com ele.

É estranho, sinto-me agora mais preenchido como se esta criança fosse agora mais minha do que já era...

Aos pais o meu obrigado por acreditarem que sou capaz de suportar com a responsabilidade de estar sempre presente e ser o melhor amigo do meu pequeno Santiago.




É de difícil descrição
Este pequeno momento
De segurar esta criança no colo
Partilhando sentimento

De seu nome Santiago
E frágil como só uma criança pode ser
Crescer é o seu futuro
Tem uma vida para viver.





Vivo na esperança de viver intensamente a vida, como se estar à espera fosse a solução de viver.
Incessantemente vivo, ando por aí de mochila ás costas sem destino certo, fotografando cada pormenor da natureza, observando cada rosto e ouvindo cada suspiro. Sinto o cheiro nauseabundo destas ruas escuras como se algo se estivesse a decompor.
Vivo, sempre nesta mistura de sensações em que os olhos não veem o ar que respiro e os ouvidos não ouvem o que o coração sente...
Esta melancolia das sensações em que sentir é viver do mesmo jeito que viver é sentir.


A pedido de muitas familias estou a escrever, a escrever sobre nada porque me falta imaginação, no entanto estou a preencher este espaço em branco com um produtivo e pensado texto sobre nada.
Bem, podia estar aqui a dizer que não sei nem como, nem sobre o que escrever, todavia, é exatamente isso que estou a fazer.
Se bem que ao proferir estas afirmações já estou a fazer ambas as coisas (e em simultâneo). estou a escrever no tablet e sobre um tema bem definido: nada.
Confusos? Também eu


«Com 18 anos, considero-me um jovem igual a tantos outros, com o privilégio único de ter esta paixão pela escrita.» Assim se auto-retrata André Vilar, na contracapa da sua primeira obra literária Escrita Incerta, uma colectânea de poemas apresentada ao público na noite de 20 de Março, na Escola Básica da Boavista, freguesia de Santa Eulália. Uma opção do jovem autor, porque foi aqui que o ex-aluno do curso de Línguas e Humanidades da Escola Secundária de Arouca e hoje estudante de Gestão do Património na Universidade do Porto, aprendeu as primeiras letras.

Perante um vasto auditório, que contou com a presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Arouca e vereadora da Cultura, Margarida Belém, e do presidente da Junta de Freguesia, Hélio Soares, entre outras entidades, a apresentação do autor e da obra estiveram a cargo da sua professora de Português no ensino secundário, Manuela Borges, e do representante da editora Lugar da Palavra, João Carlos Brito.

«Fui testemunha da paixão que o André sempre sentiu pela escrita. É um jovem com espírito de iniciativa, com visão de futuro e com vontade própria», referiu a docente. «Um dia, no fim de uma aula, procurou-me para me mostrar um caderno, o seu gosto pela escrita e sobretudo pela poesia. Fiquei surpreendida quando li tudo quanto escrevia e disse-lhe que considerava que aqueles escritos não deviam ficar fechados numa gaveta». E não ficaram, «graças à tenacidade do André». Nascia assim Escrita Incerta, cujos traços foram vincados por Manuela Borges: «Neste livro, o André tem construído as suas certezas a partir das suas incertezas. Cada estrofe surge num estilo livre e solto onde verso após verso se desenha na imaginação o quotidiano do André».

Sensibilizado com o apoio prestado pela Junta de Freguesia - «um bom exemplo do que é acreditar nos jovens e na cultura, um procedimento que não é muito comum no nosso país» - João Carlos Brito enalteceu a iniciativa e realçou as virtudes do autor. «Não é qualquer jovem com 18 anos que ousa publicar um livro, que ousa expor-se e partilhar com os leitores as suas preocupações sociais e sentimentais, as suas reflexões, a sua filosofia. Com esta publicação, passaram a ser propriedade de toda a gente».

Em declarações ao RODA VIVA, Hélio Soares salientou a relevância cultural do evento para a freguesia e para o município. «Estamos sempre prontos para apoiar este tipo de iniciativas, tanto mais que se trata de um jovem da nossa freguesia, com ideias muito claras daquilo que pretende fazer. Fizemos tudo para que este momento cultural e o desejo do André se tornassem realidade e por isso preparamos este evento com todo o gosto. Não poderíamos deixar de dar este incentivo a um jovem do nosso concelho».

O autor, que vê no poeta Fernando Pessoa «um génio», agradeceu a todos quantos contribuíram para a concretização da sua primeira obra, e recordou ainda a professora Alda, que, na escola da Boavista, o iniciou nas primeiras palavras.

«Os poemas que estão neste livro são todos actuais. O meu ponto de partida é o quotidiano das pessoas. Os poemas são uma parte de mim que não está acabada», referiu o autor, que perspectiva ainda desenvolver outra das suas motivações: «construir uma carreira ligada à escrita e à Comunicação».
2015-03-22 Manuel Matos Sousa (texto e fotos)

In Roda Viva online
Silenciosa, retratando uma vida 
Ou somente incerta 
A poesia é assim mesmo 
Codificada, mas certa 

A melhor forma de mostrar
O que se vê ou se sente 
É viver a vida no momento 
É aproveitar o presente

É um som contínuo
É um som penetrante
Que por mais singelo
É recebido como diamante