Finda mais uma edição deste grandioso evento que encheu Arouca de forasteiros, eis que chega o tempo do balanço e dos agradecimentos.
Arouca, viajou para trás no tempo, o mosteiro voltou a ser ocupado por monjas, damas de companhia, noviças, meninas de coro e moças, que no espaço de clausura, viveram mergulhadas no silêncio, este, quebrado apenas pela água da fonte e pelo Regina Caeli entoado nos claustros. 

As monjas reuniram no capítulo para debater o presente e o futuro do convento, elegeram a nova abadessa e receberam os seus familiares nos locutórios. Com autorização papal, puderam aceder à igreja, onde adoraram o corpo e túmulo de Dona Mafalda.
Com medo da aproximação dos franceses ao couto de Arouca, a mestre do cartório pediu que o Capitão Vaz Pinto lhe protegesse alguns dos arquivos que pudessem comprometer a legitimidade do mosteiro e no celeiro, a madre deu ordem para carregar as riquezas do mosteiro para a fuga.

Em silêncio, freiras e moças fugiram do espaço de clausura com a ajuda dos populares e dos guardas do reino, mesmo antes de rebentar o confronto peninsular.
Na enfermaria viveram-se momentos de dor e de sofrimento, na cozinha prepararam-se as refeições e confecionaram-se doces. Na botica prepararam-se remédios, na sala da cera, as criadas prepararam as velas para as procissões, nos claustros limparam o chão e trataram dos jardins e na sala da aprendizagem, as meninas de coro aprenderam a pintar, a cantar e a bordar. 

No exterior, o pregoeiro montou o seu cavalo e convidou todos para as festas da vila, a charamela abriu as festividades e o povo viveu, trabalhou nos seus ofícios, e por estes dias, festejou a beatificação da sua Rainha.
O arquiteto Gimac, dos melhores que o reino já conheceu, apresentou os seus planos à Abadessa e visitou as obras de cantaria.
Frei Simão de Vasconcelos foi preso e escoltado pelos soldados do reino, que mantiveram a paz na vila.
Contaram-se histórias de qualidade em forma de cordel e os nobres foram surpreendidos por assaltantes.
Os saltimbancos deram cor e os bombos trouxeram ritmo à festa. As bandas musicais saíram à rua e entraram em despique.




Nenhum evento se faz sem trabalho, sem dedicação e sem compromisso e é por isso que é impossível atribuir "louros" a outros que não sejam os mais de trezentos figurantes, que "vestiram a camisola", com empenho, entrega e profissionalismo e fizeram com que a vida de outrora viesse até ao século XXI.
É de louvar todo o trabalho desenvolvido pelo Miguel Brandão e pelo Hélder Antunes, na escrita de todos os textos que deram vida e abrilhantaram esta edição do evento.
A essência desta recriação é fruto do trabalho e dedicação de todos estes figurantes, deste capital humano, que é o melhor que Arouca tem.
Um agradecimento aqueles que trabalharam comigo, como voluntários, na direção de cena desta Recriação, a Isabel Vale e a Patrícia Fernandes.
À equipa da Câmara Municipal, um agradecimento a todos os técnicos que trabalharam em prol do sucesso desta edição da Recriação, em especial aqueles que desenvolveram um trabalho de bastidores, isento, rigoroso e longe das luzes, nomeadamente a quem vestiu todos os figurantes, com conhecimento e rigor e à equipa de comunicação.

Na esperança de termos, em anos vindouros, uma Recriação Histórica 100% de Arouca para o mundo, aguardemos agora a edição de 2018.


 Um bem haja, a todos quantos fizeram parte desta história.