Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.







Pessoa,
80 anos após a tua morte, homenageio-te por seres um génio da Língua Portuguesa.
Contigo partilho a paixão pela língua e aprendi a gostar de poesia, não sei se pela mensagem que passas, ou da forma com que o fazes.
Gosto do que escreves e vejo que em mais de 80 anos, a tua poesia se mantém atual.
Hoje mais do que nunca sei que, "pensar é estar doente dos olhos" do mesmo modo que acredito que "Há tanta suavidade em nada se dizer"
Gosto de escrever mas não, nunca, ousarei comparar-me a ti. A teu lado “Não sou nada./Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”









És cidade, és casa e és paixão.
Contemplo, desde o primeiro dia o teu espaço, as tuas praias, as tuas pontes, o teu rio, os teus monumentos, os teus jardins e as tuas gentes.
 Às tuas ruas não falta o sol de inverno que aquece a alma e o frio penetrante que arrefece o corpo, atravesso as tuas ruelas na esperança de, no outro lado descobrir a tua essência e entro nos teus becos para sentir que te conheço por dentro.
Estudo a tua história e vejo correr no teu rio as memórias d’Ouro do teu passado.
Sinto a azáfama quotidiana do teu povo genuíno e daqueles, que tal como eu, te escolheram para estudar e viver, em ti marcar diferença e fazer parte da tua história.
Hoje, não sei se sou eu que faço parte de ti ou tu que já fazes parte de mim. Sei apenas que seremos sempre amigos.
És o Porto da cultura e do turismo, és o Porto dos estudantes e és agora, o meu Porto.

A ti.

                                                                                          Kirill Neiezhmakov