A viagem pelos trilhos do território arouquense é uma verdadeira aventura à descoberta da mensagem do passado marcada nas rochas, vinculada à ruralidade a que Arouca sempre esteve ligada e à modernidade a que se assiste.

No alto da serra da Freita, onde “as pedras parem pedras”, as águas se deixam cair pelas rochas e o granito se apresenta rasgado como se de boroa se tratasse, existe um património natural e cultural a descobrir, no fundo, um novo mundo.

Arouca é Património, esse que é de enorme importância mundial, onde “saltam” à vista as Pedras Parideiras, onde os fósseis das trilobites são os maiores do mundo e onde os xistos e os granitos se impõem.

Arouca é o pulmão da área metropolitana do Porto, respirar em Arouca é sentir a natureza no seu estado mais puro.

Quanto ao património cultural esse aparece imponente no centro histórico, onde está o magnifico convento, associado à história da Rainha Santa Mafalda, que nele está sepultada e a solarenga Praça Brandão de Vasconcelos, que se enche de gente nas manifestações culturais.

Arouca é, indiretamente, sinónimo de Segunda Guerra Mundial, onde ingleses e alemães conviveram pacificamente em busca pelo volfrâmio, para construção de material bélico.

Arouca é, indubitavelmente, um excelente lugar para sentir a natureza, viver o património e saborear a Raça autóctone que cresce nas serras livremente e no fim ,degustar as morcelas doces, as castanhas e as roscas de amêndoas, excelentes legados deixados pelas freiras que ocuparam o convento de Arouca.

Na montanha da Senhora da Mó, uma vista de 360º sobre o vale do Arda e do Paiva, e sobre o monte de Valinhas onde outrora se impunha um castelo.

E o Rio Paiva, considerado dos mais limpos da Europa, conta com uma construção espantosa, uma paisagem soberba e um ambiente naturalmente acolhedor, falo dos Passadiços do Paiva, construídos ao longo da margem esquerda do rio, onde é possível visitar e desfrutar de algumas das maravilhas do Arouca Geopark.
Para os mais aventureiros o rio conta também com rápidos de cortar a respiração, onde é propícia a prática de desportos aventura.

Viver em Arouca é viver em comunhão com a natureza e em simbiose com o passado, com o presente e com os olhos postos no futuro.


Ser de Arouca é ser rural, é estar ligado às raízes e é, sem dúvida, ser genuíno.

Trailer Arouca Geopark

Só hoje escrevo, não sei se mais uma vez por falta de coragem ou se ainda não estou conformado com sua partida.

Recordo aquelas conversas sobre tudo, os pontos de vista divergentes e as lições de vida.

Gostava de o ouvir falar da sua vida e das suas histórias de uma vida apaixonada pela família, pela terra, pelos animais e pelo Benfica.

Tenho em si uma referência, um trabalhador e recordo o seu semblante feliz quando estava a trabalhar, língua de fora e de enxada em punho, será para sempre uma imagem que guardarei.

Quando completou 80 anos disse que já morreria feliz porque era o seu grande objetivo e nesse mesmo dia escrevi-lhe um poema que nunca lhe entreguei, embora o tenha guardado até hoje.


Doze filhos e dezasseis netos
Numa vida completa
70200 dias passados
E os anos já são oitenta

Dedicado à agricultura
A semear e a colher
Viveu sem fartura
E com tanto para fazer

De opinião formada
Conversa para várias horas
Desde política ao futebol
São as leis e as bolas fora

Um brilho constante no olhar
Quando a família reunida
Por cada neto alegria crescente
Desde a chegada até à partida


 Estive consigo no seu último dia terreno e vi que estava particularmente feliz, estava sol, tinha passado a manhã a passear e estava a descansar para depois ir tratar dos seus animais.

Talvez o passeio tenha sido uma verdadeira despedida desta terra que foi sempre sua e quero acreditar que hoje está bem, volta a estar um dia de sol, o Benfica está à frente do campeonato e o seu Arouca está a um passo da Europa.

Vou sentir falta das conversas, do tempo ganho em experiência e do rasgado sorriso acompanhado de um “Olha quem cá veio ver o velhote!”, ou o “Olha o André!”, sempre que à sua beira chegava.

Não esquecerei o brilho dos seus olhos claros e, talvez um dia nos reencontremos para pormos a conversa em dia.




Até lá, ficam as memórias e a saudade, avô!