Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

A cultura assume um papel extremamente importante nas sociedades, é a forma como um povo se identifica e é também uma herança social. É a cultura que nos distingue como povo e que nos torna únicos, que nos enche de orgulho a cada oportunidade de a mostrar ao mundo.
Entre as inúmeras formas de manifestação cultural, o folclore surge como um género de cultura popular que se debruça sobre as tradições e os costumes, é muito associado às festas da aldeia e às romarias e relata, por exemplo, o trabalho da lavoura - quando em meio rural - ou da faina - em zonas costeiras.
O contacto com outras culturas enriquece-nos, permite-nos perceber que existe uma enorme diversidade cultural, que merece ser respeitada e valorizada, promovida e partilhada.
Neste sentido, o Conjunto Etnográfico de Moldes, habituou os arouquenses, desde há 35 anos, a conhecer, através do Folclore, as diferentes histórias e tradições de inúmeras regiões do mundo, das mais centrais às mais remotas, nunca esquecendo a sua forma de expressão e o seu traje tão singular.
Trouxeram a Arouca aquilo que de mais genuíno as regiões têm, trouxeram tradição, cultura e alegria.
Sob o mote da descentralização, a 35° edição do Festival Internacional de Folclore de Arouca levou vida ao centro das aldeias, a juntar aquela que tão intensamente se vive em meio rural.
Construíram-se marionetas, envolvendo os jovens e, no Largo da Capela de Ponte de Telhe, contaram-se histórias em forma de teatro de Marionetas: Dom Roberto.
Este ano, polacos e sérvios trouxeram cor e ritmo à Praça Brandão de Vasconcelos, dançaram, animaram e no fim convidaram os espetadores a aprender os seus passos e a brilharem com eles.
Da Covilhã a Escalos de Cima, de Espanha a Vila do Conde e da Lituánia a Moldes, todos os grupos enriqueceram a última noite do festival, e, desta vez no Terreiro de Santa Mafalda, respirou-se cultura e tradição e dançaram-se histórias.

Já o poeta dizia que "O homem sonha e a obra nasce" e assim acontece, ano após ano, com o Conjunto Etnográfico de Moldes de Danças e Corais Arouquenses, que com 72 anos de existência e 35 de organização deste festival provou que com pouco é possível fazer-se muito e com muita qualidade e que é possível também, crescer e fazer sempre melhor a cada ano.
Só assim, com um grupo profissional e dedicado, é que se consegue manter viva a tradição, a cultura popular e tudo o que nos distingue dos demais enquanto povo rural. Só assim se mantém a memória viva.

A todos eles, o desejo da continuidade.
Para o ano marcamos encontro no 36° Festival Internacional de Folclore de Arouca.
Fotografias: Avelino Vieira
Finda mais uma edição deste grandioso evento que encheu Arouca de forasteiros, eis que chega o tempo do balanço e dos agradecimentos.
Arouca, viajou para trás no tempo, o mosteiro voltou a ser ocupado por monjas, damas de companhia, noviças, meninas de coro e moças, que no espaço de clausura, viveram mergulhadas no silêncio, este, quebrado apenas pela água da fonte e pelo Regina Caeli entoado nos claustros. 

As monjas reuniram no capítulo para debater o presente e o futuro do convento, elegeram a nova abadessa e receberam os seus familiares nos locutórios. Com autorização papal, puderam aceder à igreja, onde adoraram o corpo e túmulo de Dona Mafalda.
Com medo da aproximação dos franceses ao couto de Arouca, a mestre do cartório pediu que o Capitão Vaz Pinto lhe protegesse alguns dos arquivos que pudessem comprometer a legitimidade do mosteiro e no celeiro, a madre deu ordem para carregar as riquezas do mosteiro para a fuga.

Em silêncio, freiras e moças fugiram do espaço de clausura com a ajuda dos populares e dos guardas do reino, mesmo antes de rebentar o confronto peninsular.
Na enfermaria viveram-se momentos de dor e de sofrimento, na cozinha prepararam-se as refeições e confecionaram-se doces. Na botica prepararam-se remédios, na sala da cera, as criadas prepararam as velas para as procissões, nos claustros limparam o chão e trataram dos jardins e na sala da aprendizagem, as meninas de coro aprenderam a pintar, a cantar e a bordar. 

No exterior, o pregoeiro montou o seu cavalo e convidou todos para as festas da vila, a charamela abriu as festividades e o povo viveu, trabalhou nos seus ofícios, e por estes dias, festejou a beatificação da sua Rainha.
O arquiteto Gimac, dos melhores que o reino já conheceu, apresentou os seus planos à Abadessa e visitou as obras de cantaria.
Frei Simão de Vasconcelos foi preso e escoltado pelos soldados do reino, que mantiveram a paz na vila.
Contaram-se histórias de qualidade em forma de cordel e os nobres foram surpreendidos por assaltantes.
Os saltimbancos deram cor e os bombos trouxeram ritmo à festa. As bandas musicais saíram à rua e entraram em despique.




Nenhum evento se faz sem trabalho, sem dedicação e sem compromisso e é por isso que é impossível atribuir "louros" a outros que não sejam os mais de trezentos figurantes, que "vestiram a camisola", com empenho, entrega e profissionalismo e fizeram com que a vida de outrora viesse até ao século XXI.
É de louvar todo o trabalho desenvolvido pelo Miguel Brandão e pelo Hélder Antunes, na escrita de todos os textos que deram vida e abrilhantaram esta edição do evento.
A essência desta recriação é fruto do trabalho e dedicação de todos estes figurantes, deste capital humano, que é o melhor que Arouca tem.
Um agradecimento aqueles que trabalharam comigo, como voluntários, na direção de cena desta Recriação, a Isabel Vale e a Patrícia Fernandes.
À equipa da Câmara Municipal, um agradecimento a todos os técnicos que trabalharam em prol do sucesso desta edição da Recriação, em especial aqueles que desenvolveram um trabalho de bastidores, isento, rigoroso e longe das luzes, nomeadamente a quem vestiu todos os figurantes, com conhecimento e rigor e à equipa de comunicação.

Na esperança de termos, em anos vindouros, uma Recriação Histórica 100% de Arouca para o mundo, aguardemos agora a edição de 2018.


 Um bem haja, a todos quantos fizeram parte desta história.

Mais uma vez no mês de Julho, Arouca viu o seu Convento ganhar vida, as suas gentes ocuparem o seu espaço e recriarem a vida do passado.

A charamela voltou a tocar, o pregoeiro montou no seu cavalo e avisou o povo do que se ia passar nesta terra e os bombos abriram a festa.




A abadessa foi eleita, o bispo de Lamego chegou a Arouca para a festa e foram entregues as varas do município aos vereadores.

De Lisboa e do Porto marcaram presença convidados ilustres, fidalgos e barões, que vangloriaram a sua ostentação pelas ruas, pediram audiência com as monjas e noviças e conviveram, ainda que nem sempre pacificamente no terreiro e no espaço envolvente.

Os salteadores de estrada, o Zé da Calçada e o Virgolino, já conhecidos por estas terras, aproveitaram a presença dos ilustres para fazer assaltos “em plena luz do dia”, nem os Almada escaparam à tentativa de assalto.



Foram abandonados dois bebes na roda do convento e na porta da caridade, os pobres pediram auxílio às monjas, que lhes deram comida e roupa.


Os soldados tentaram manter a paz nas ruas da vila.



Regina Caeli ecoou no espaço de clausura e as freiras reuniram na Sala do Capitulo para tratar de assuntos delicados, como os gastos com a festa de beatificação da rainha e a troca de bilhetes das noviças com o exterior.

Com medo dos franceses e do que estes lhes podiam fazer, toda a família eclesiástica fugiu do convento, de malas, bagagens e com uma enorme tristeza no olhar.




Frei Simão foi preso enquanto as monjas gritavam por D. Miguel e o Convento ardeu deixando as freiras em alvoroço que, quase sem ar e com poucas forças, foram abandonando o convento com ajuda dos populares.











No fim, há quem diga que foi milagre a presença de um vulto que apagou as chamas enquanto um manto branco desceu sobre a fachada do convento.

Uma moça do convento casou com o seu amado na Capela da Misericórdia, onde estavam presentes os seus pais e a sua madrinha e monja, Cathrine Portugal.

A companhia de teatro saiu à rua onde contou histórias em forma de teatro de qualidade e juntamente com o vendedor da banha da cobra, os saltimbancos, a música barroca, o rancho, os Cramois e os cantares, animaram as ruas.



A nova abadessa recebeu, nos seus aposentos, o arquiteto Gimac, responsável pelas obras do Convento após o incêndio, o procurador do convento e todos os grupos que a quiseram animar com os seus cantares.





















No fim, uma freira, cujo estado de saúde se vinha agravando morreu e no espaço de clausura as irmãs realizaram o seu funeral.




Em três dias, cerca de 250 pessoas ajudaram a história a deixar uma marca na história da gente. Confesso que é difícil perceber o que leva toda esta gente a recriar a história da sua terra, abdicando muitas vezes do seu descanso para estar presente nos ensaios. Todavia, acredito que o que as move é o amor à terra, o amor a Arouca.

 À Carla, ao Fernando, ao Carlos e ao Veiga pela evolução notória ao longo dos ensaios.

Ao Vítor, ao Carlos, ao Alexandre, ao Hélder e ao Gonçalo, pela dedicação, entrega e talento.

À Juliana, à Mariana e à Mária pela simpatia.

Ao Francisco, ao Marcos e aos soldados mais velhos.

Ao Miguel, ao Sr. Américo, à D. Mafalda, ao Sr. Rouxinol, à D. Fátima, à D. Cristina, ao Sr. Silva, ao povo e a todos os criados.

A todas as personagens de interior, à Professora Isabel, pela coragem e profissionalismo, à prioresa, à cantora-mor, às freiras deputadas, às madres porteiras e restante família eclesiástica.
Às moças, Beatriz B., Daniela, Alexandra, Beatriz S., Ângela, Raquel, Inês, Sara S., Tânia P., Margarida, Beatriz A., Maria T., Luísa, Juliana, Ana Miguel, Beatriz T., Sara S., Tânia S., Maria V., Fátima, Mara, Sofia, Patrícia por todo o chão esfregado, chã servido, receção de nobres, paciência com o público e humildade.

A todas a noviças, meninas do coro e damas de companhia.

A todos os figurantes por serem amadores muito profissionais.

A toda a equipa da Câmara Municipal de Arouca.


Por fim mas não menos importante, porque sem eles nada disto era possível, ao José Carretas, à Margarida Wellenkamp, à Evelina Marques, à Margarida Carvalho, ao Emílio Gomes, à Leonor W. Carretas e à Beatriz W. Carretas o meu enorme obrigado por, mais uma vez, me terem integrado na equipa e me terem deixado fazer aquilo que gosto, em Arouca, onde sou realmente feliz.




Fotografias: Facebook Recriação Histórica - Arouca

No dia 10 de junho escrevi  “O dia de Portugal,  o ano da vitória” onde dizia não acreditar que o Euro 2016 ter inicio no dia de Portugal era uma mera coincidência. Escrevi que começava um sonho em França e que esse dia ia ficar para a história a juntar há que já se celebrava.

Acreditei, portanto, desde o primeiro dia que este era o nosso ano, não sei se era um feeling, se era a confiança que Fernando Santos transmitia, se eram os vídeos motivacionais do Guilherme Cabral, sei que tudo parecia dar certo, os 23 convocados, a garra, o apoio, as claques unidas a uma só voz, os 11 milhões que acreditavam, que choravam e que gritavam bem alto o seu amor a Portugal.

Se há 12 anos, em 2004, o país tinha parado pelo futebol e no fim tinha ficado em lágrimas, hoje, em 2016, o país voltou a esvair-se em lágrimas desta vez de alegria.

Hoje mostramos à Europa o nosso fado, mostramos que, embora nos primeiros jogos a sorte não estivesse do nosso lado, lutamos e sofremos até ao último minuto, pois sofrer até ao fim faz parte da essência e do orgulho que é ser português e que é esse orgulho que nos torna mais fortes.

Esta espera pelos últimos minutos traz um aperto no coração acompanhado pela mesma esperança que outrora Bartolomeu Dias teve ao dobrar o Cabo das Tormentas.

Fernando Santos disse, no seu primeiro jogo ao leme do barco português -curiosamente no estádio de Saint-Denis- , que ia voltar ali na Final do Euro. Mais tarde, já durante a competição, disse que só voltava a Portugal no dia 11 de julho, de taça na mão e ia ser recebido em clima de festa.

Nunca perdeu nenhum jogo oficial e lá estava, tal como prometeu várias vezes, na Final da Competição, trouxe a taça para Portugal e está a ser recebido em festa.

Somos um povo quente em emoção, somos lutadores, guerreiros, temos o sangue na guelra e nenhum português ficou indiferente ao ver o nosso capitão Ronaldo a chorar por nada conseguir fazer pela nossa seleção.

Para a história fica a invasão a França, como outrora fomos por eles invadidos, com a diferença que não houve mortos nem feridos e que trouxemos para casa taça com lágrimas e suor, mas sobretudo com dignidade e audácia.

Temos o mais velho e o mais novo campeão da Europa, temos os melhores 23 da Europa e o melhor do mundo.

Há muito que tínhamos a fome de vencer, a garra, o sonho e se juntos somos mais fortes, foi juntos que cantamos, a uma só voz, o nosso hino, o nosso amor à pátria e mostramos ao mundo que somos o povo da ocidental praia Lusitana e que a nossa pequenez geográfica foi capaz de conquistar a Europa.

Vingamos 2004 e hoje Pessoa, hoje cumpriu-se Portugal.

Arrepiante e emotivo. Obrigado Portugal!

A 10 de junho escrevi que não podia ser uma mera coincidência o Europeu de 2016 começar no nosso dia, no dia de Portugal, ver aqui.

Jogo após jogo fui reforçando a ideia de que estava na altura de vingarmos o fatídico final do nosso Euro 2004 e acreditei sempre que hoje, em 2016, a nossa garra nos levaria onde estamos, na final da competição.

Há 12 anos chorei por nós, era uma criança que tinha na nossa seleção 11 guerreiros, 11 heróis e depois aquele sonho de menino tinha caído por terra.

Mas hoje, chegamos à final com 5 empates, disseram que o nosso jogar era “nojento”, que não merecíamos estar onde estamos e que somos fracos. Contra todas estas opiniões mostramos apenas aquele que é o nosso fado: sofrer sempre até ao último minuto porque isso faz parte da essência do que é ser português.

Não somos inferiores para o jogo da final, em campo somos 11 contra 11 e a história e a estatística não vão influenciar o desfecho deste Euro porque o que interessa é o aqui e o agora.

Fernando Santos disse, no seu primeiro jogo ao leme do barco português -curiosamente no estádio de Saint-Denis- , que ia voltar ali na Final do Euro. Desde aí nunca perdeu nenhum jogo oficial e lá está, tal como prometeu várias vezes, na Final da Competição.

Quando se soltam os primeiros acordes do hino, todo o corpo arrepia, o sangue aquece, sente-se um aperto no peito, a alma fica repleta de felicidade e solta-se um grito silencioso pela nossa paixão, pela nossa nação, pela nossa seleção. Esse grito silencioso mantém-se fechado e irrequieto até ao primeiro golo pois aí sim gritamos bem alto e apregoamos aos sete ventos o nosso verdadeiro amor a Portugal!

Que na nossa bandeira o vermelho da paixão e o verde da esperança enalteçam a esfera armilar e que se volte a impor o esplendor de Portugal.

Já invadimos a França como outrora fomos por eles invadidos, resta-nos agora conquistar a taça e mostrar que a garra e a determinação de outros tempos continua bem presente nos 11 que entram em campo, nos 11 milhões que estão em Portugal e nos milhões que estão espalhados pelo mundo. No fim? No fim que a taça seja nossa, chegou a hora de deixarmos o nosso legado, a nossa marca na história e nós, nós merecemos tanto.

Este é o nosso ano!



    Paulo Castro nasceu a 26 de Fevereiro de 1997 e é de Arouca.

    Frequentou o Curso de Ciências e Tecnologias na Escola Secundária de Arouca, onde desenvolveu o “Neuro Teste”, um projeto vencedor.

   Participou em inúmeros concursos a nível nacional, nomeadamente o Prémio Fundação Ilídio Pinho, o Youth Science Meeting e na 10ª Mostra Nacional de Ciência, bem como a nível internacional, na Expociênias da Milset no México.

    Em 2015 ingressou no Curso de Medicina na Universidade da Beira Interior.

  Em 2017 representará Portugal na Feira Internacional Intel Isef em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos da América.

Além disso o Paulo lé ainda um elemento ativo do Grupo de Jovens de Moldes, tocador de viola no Conjunto Etnográfico de Moldes e integra a Tuna Médica da Universidade da Beira Interior, mostrando assim a sua faceta musical.

  Talvez se tenha perdido um jogador de futebol, um tenista ou um arquiteto, contudo, Arouca,          Portugal e o Mundo ganhou certamente um excelente cientista e um promissor Médico.

   Nesta entrevista, Paulo Castro.


Resumidamente, o NeuroTeste é uma ferramenta inovadora que tem potencial aplicação na indústria farmacêutica, em estudos de neurotoxicologia ambiental e/ou genética associada às doenças neurodegenerativas. Utiliza como organismo modelo larvas de Drosophila Melanogaster e permite testar, em larga escala, a custos relativamente baixos e in vivo um elevado número de compostos farmacológicos. O estudo envolveu o desenvolvimento de um sistema de transiluminação com luz fria que possibilitou, pela primeira vez, contrastar de forma homogénea as larvas que são translúcidas. Assim será possível a automatização do processo de vídeo análise através da utilização de ferramentas informáticas gratuitas.  


1.     Com tanta experiência, sentes-te com a idade que realmente tens?
Essa é uma boa questão… mas apesar de todas as experiências que já tive nos meus 19 anos de vida, sinto-me com esta idade. Isto acontece porque faço as coisas próprias da minha idade, ou seja, a grande maioria dos meus amigos são da minha faixa etária, e por isso, convivemos juntos, saímos juntos e fazemos toda uma série de atividades próprias da vida académica. Eles não me veem como alguém superior a eles, e nem eu quero que isso aconteça. Por vezes até brincam com este assunto e acabam por me chamar “Neurocientista”! Contudo, é óbvio que todas as minhas participações em concursos a nível nacional como o Prémio Fundação Ilídio Pinho e o Youth Science Meeting em 2015, e mais recentemente a 10ª Mostra Nacional de Ciência em 2016, bem como concursos a nível internacional como a Expociênias da Milset no México em 2015, dão-me uma maturidade que não é própria da minha idade. Isto acaba por se tornar numa coisa boa e ajuda-me bastante para as atividades da faculdade e por isso, lido bem com este “excesso de experiência” para a minha tenra idade.

2.Qual a importância de representar a tua escola e a tua terra em concursos nacionais e internacionais?
É com enorme orgulho que levo o nome da Escola Secundária de Arouca e de Arouca ao topo da Ciência a nível nacional e internacional. Foi em Arouca que fiz todo o meu percurso académico até à entrada na universidade. Ou seja, tudo o que aprendi e evoluí devo à Escola Secundária de Arouca. Também foi nesta que o “Neuro Teste” nasceu e cresceu e a sua realização seria muito difícil se não tivéssemos acesso aos mais recentes e diversos materiais disponíveis no laboratório da Oficina da Ciência na ESA.
Este é um dos aspetos que mais deixa saudade, pois lá aprendi muitas técnicas que voltei a aprender na universidade e tinha acesso a equipamentos inexistente, em muitos casos, na faculdade. Muitas das vezes que falo do meu projeto, as pessoas acham inacreditável ele ter sido desenvolvido numa escola pública e ao nível do secundário, o que mostra a qualidade desta instituição.
Também tenho de agradecer ao meu orientador de projeto, que se mostrou uma pessoa incansável e fundamental para a concretização do Neuro Teste.
Assim para mim é muito importante fazer algo por Arouca, e é desta forma que tento mostrar que Arouca tem qualidade e que não somos apenas “serranos da aldeia”.
Se já o facto de representar Arouca e Portugal é um orgulho, então conseguir trazer primeiros lugares para Arouca e reconhecimentos/medalhas internacionais para Portugal é um privilégio e uma felicidade enorme.
Após meses de trabalho, incluindo férias de verão, é bom receber o reconhecimento e agradecimento dos arouquense, que com orgulho veem Arouca crescer a cada dia que passa e é muito bom fazer parte desta evolução, pois nem só de futebol vive Arouca.
A Ciência também tem um lugar!!


Conheço o Paulo desde o 1º ano, e desde daí que sempre fomos grandes amigos. Desde essa altura sempre mostrou interesse pelos estudos, sempre foi um rapaz atento e curioso. Com todo o sucesso que teve e continua a ter, continua humilde e altruísta. É amigo dos seus amigos, tem um grande sentido de humor e busca sempre saber mais em relação àquilo que o rodeia, o que o torna um rapaz muito culto e informado.
Raquel Rocha, amiga

3.   O que é que fica desta experiência?
Desta experiência fica muita coisa… Esta vida de jovem cientista permitiu-me viajar para vários lugares e contactar com muitos jovens das mais variadas culturas que partilhavam o mesmo objetivo que eu: “Tentar fazer alguma coisa para a Ciência!”. Outra coisa que fica e mais ninguém me pode tirar são os prémios. Esses tiveram de imediato lugar cativo no meu curriculum vitae e são, sem dúvida uma das melhores coisas que consegui em toda a minha vida. Contudo também guardo todas as memórias destas experiências, a viagem ao México que provavelmente nunca iria ter oportunidade de visitar, as atividades e as amizades que muito dificilmente esquecerei e guardarei para a vida.
Em todos estes concursos fiz amizades que seriam impossíveis sem esses eventos, e na sua maioria, mantenho contacto e sei que os encontrarei em iniciativas parecidas com estas.

Como já referi anteriormente, esta experiência também me deu uma maturidade incrível e muito vantajosa para o meu presente e futuro, e por isso não me arrependo de forma alguma os meses que estive “fechado no laboratório” pois foi esse pequeno esforço que me permitiu conquistar o que conquistei, e espero que esta experiência não acabe aqui, e que a minha futura participação (2017) nos Estados Unidos da América (Feira Internacional Intel Isef, Los Angeles, Califórnia) seja um sucesso para o “Neuro Teste”.

4.   Sempre foi teu objetivo ingressar em Medicina?
Nem sempre… Lembro-me que desde pequeno gostava da ideia de ser médico e como consequência gostava de “brincar aos médicos” e simular consultas. Contudo sempre gostei de desporto e desde pequeno comecei a jogar futebol no Centro Juvenil Salesiano de Arouca. Assim, como todos os outros miúdos sonhava vir a ser um famoso jogador de futebol!
Com o passar do tempo vi que o meu jeito para os estudos e para a ciência eram maiores que o jeito para a bola. Assim, por volta do 7º ano deixei a minha carreira de futebolista e aumentei a concentração nos estudos. Contudo não consegui ficar muito tempo sem fazer desporto e, por isso, comecei a jogar ténis sem grande compromisso. Apenas comecei a levar o ténis mais a sério no secundário, onde o meu grande objetivo era ingressar medicina. Mas até aí não tinha sido só medicina.
Por volta do fim do 7º ano até ao 8º ano queria ser arquiteto dado o meu gosto e habilidade para o desenho. Contudo o gosto pelo desenho acaba por ficar mascarado pelo desporto e ciência, e no 9º ano, o ano das grandes decisões, já não tinha dúvidas. O meu objetivo era medicina! Isto facilitou muito o meu secundário pois já sabia quais eram as metas que tinha de alcançar, e apesar de serem necessárias muito boas notas, lutei por isso e hoje estou a concretizar um sonho e a estudar algo que me dá enorme prazer!

5.   Porquê Medicina?
Existem pessoas que dizem que escolhem Medicina por ser uma vocação, sendo um desejo que alimentam desde a infância. Outras pessoas dizem que optam por Medicina porque tinham notas para isso.
No meu caso acho que junto um pouco dos dois lados. Como referi anteriormente desde pequeno que gostei das brincadeiras de médicos, podendo por um lado dizer que me sinto vocacionado para exercer nesta área. Contudo isto não seria suficiente se não tivesse as notas necessárias para ingressar neste curso. Assim, acabei por juntar o útil ao agradável. Também tomei esta decisão devido ao meu gosto pela ciência e vontade de aprender constantemente coisas novas e a profissão de médico requer esse estudo constante para manter informação clínica atualizada.
Queria que o meu futuro passasse por algo diretamente ligado à ciência e por isso escolhi uma das profissões de maior prestígio nessa área. Esta é, também, uma profissão que ajuda o outro e requer o contacto com o doente, algo que desperta algum interesse em mim.


Já nos conhecemos há cerca de 9 anos, desde o 5º até ao 11º ano que foi da mesma turma que eu e por isso sempre fomos bastante próximos. Sempre foi muito interessado pelas ciências e acabou mesmo por atingir o seu maior sonho que era entrar na faculdade de Medicina. O empenhado que tinha quer nos estudos quer a ajudar os outros foram essenciais para hoje estar onde está. Desejo-lhe a maior sorte do mundo que bem merece.

Francisco Vasconcelos, amigo


6.   Como foi o primeiro ano na Covilhã?
Posso dizer que o meu primeiro ano de universidade na Covilhã correu muito bem. A Covilhã é uma cidade pequena e ou pouco distante dos grandes centros urbanos.
Quando soube da minha colocação na Universidade da Beira Interior fiquei em choque. Não estava à espera de ser colocado lá… Mas apesar disso tinha conseguido o mais importante: Entrar em Medicina!
Procurei ter referência de antigos alunos da UBI, e todos me disseram o mesmo: “É necessário dar uma oportunidade à Covilhã! A partir do momento em que lá estás não queres sair de lá!”. Engraçado… aconteceu-me isso!
No início do ano, nunca descartei a possibilidade de agora tentar outro sítio, mas ao fim de um ano na Covilhã a minha resposta é de forma firme: “Não saio de lá!”.
É muito fácil a adaptação a essa cidade. Somos bem acolhidos, e é fácil conhecer e ser conhecido por muita gente. Para mim um dos grandes fatores que permitiu o este conhecimento, conhecer melhor os encantos desta cidade e fortalecer relações foi a praxe.
É verdade que esta apenas dura 2 meses e meio, mas são 2 meses e meio onde somos praxados diariamente até altas horas da noite, o que nos obrigou a estar diariamente até altas horas da noite com os meus colegas de curso e dessa forma criar relações, que no futuro foram mantidas. Isto facilita a adaptação ao um local totalmente desconhecido e deslocado das nossas terras natal, pois todos nós estávamos nessa situação.
A tuna também ajudou em muito a aumentar o gosto por esta cidade. Devido ao meu gosto pela música decidi juntar-me à Tuna-Mus, Tuna médica da Universidade da Beira Interior. Esta foi uma excelente forma de tentar aumentar os meus dotes musicais, contudo um dos grandes objetivos da tuna é criar amigos para a vida e que sabemos que podemos sempre contar para as mais variadas coisas.
Relativamente ao curso de Medicina a adaptação foi fácil. Ainda há pessoas que ficam espantadas quando digo que estudo medicina na Covilhã… A verdade é que este é um curso relativamente recente. Começou em 2001 e é bastante diferente dos métodos clássicos. Em cada ano recebe um número de alunos bastante mais pequeno quando comparado com as faculdades clássicas de Medicina (Porto, Coimbra e Lisboa).
Como todas as outras coisas tem as suas vantagens e os seus defeitos, mas estou a gostar bastante do curso e adaptei-me bem ao método de ensino.
Agora sinto que estou no que gosto e por isso há que aproveitar!



7.   Sempre acreditaste que podias ser o que quisesses?
Sim… Sem dúvida! Uma das minhas filosofias de vida é “Tudo é possível até que mostrem o contrário”.
Assim acredito que todos os meus sonhos serão possíveis de concretizar e que posso ser o que quiser. Agora se me perguntares “Sempre acreditaste que ias conquistar o que conquistaste até agora?”, aí a resposta já seria diferente.
A ESA sempre foi uma escola de grandes projetos e na sua grande maioria todos eles premiados. Quando via que havia alunos da ESA que tinham conquistado prémios a nível nacional e que iam a concursos internacionais eu pensava “Que sonho… Quem me dera ser eu a ir viajar, comer de borla e representar Arouca e Portugal no estrangeiro!”.
A verdade é que agora eu sou um desses alunos que conquistou prémios nacionais e internacionais e viajei e comi de borla! Acabou por ser um sonho tornado realidade, e a verdade é que lutei por isso.
Quando era novo pensava “Já inventaram tanta coisa que é quase impossível criar coisas novas!”. A verdade é que fui um dos criadores e inventores do “Neuro Teste”, uma ferramenta totalmente nova que nunca ninguém tinha pensado fazer algo do género. Afinal ainda é possível criar coisas novas, e cada um de nós tem de acreditar nos seus sonhos e nas suas capacidades, pois todos temos capacidade de fazer a diferença.
Quanto ao sonho de me tornar médico, esse ainda está em construção… Contudo estou no bom caminho para o concretizar! Por fim, a cereja no topo do bolo seria conquistar um Prémio Nobel (ahahah)…


O Paulo é uma das pessoas mais sérias que já conheci! Inteligente, Competente, Empenhado e interessado, são grandes qualidades que o tornam numa pessoa fantástica! Mas para além disto tudo também sabe conviver e sabe divertir se com os amigos! Sabe conciliar tudo, o que o torna, acima de tudo, num grande amigo com quem sei que posso contar e confiar!
Daniel Pinho, amigo

8.   O que é que significa para ti ser de Arouca?
Arouca é um lugar incrível. Tenho todo o orgulho de ser Arouquense. Dizem que só damos valor às coisas quando as perdemos e agora que estou fora de Arouca existente sempre a saudade da família e da terrinha. Fico com uma alegria imensa quando Arouca se destaca em algum capítulo e faço questão que todos saibam que sou de Arouca.
Sempre que falo de Arouca pretendo que as outras pessoas pensem que esta vila é um lugar mágico, pois na realidade é isso que acontece! É um lugar único, pela sua história, património, gastronomia e pela fauna e flora que a rodeia.



Conheço o Paulo do contexto associativo. Enquanto elemento do corpo artístico do CEM é cumpridor e acima de tudo sobressai pela sua discrição. São características que em contexto associativo e, com certeza, noutros contextos permitem que as instituições/associações possam desenvolver um trabalho de qualidade e de forma mais assertiva.
Ana Cristina Martins, dirigente do CEM



9.   Preparou-te, de alguma forma, para enfrentar o mundo da cidade ou foi um obstáculo?
Não penso que tenha sido um obstáculo. Neste momento sei como é viver numa aldeia e numa cidade.
Em Arouca as coisas são muito puras, calmas, sem grandes pressas e tudo aquilo que precisamos está na maioria das vezes muito perto. Quando falamos numa cidade, falamos nos grandes centros urbanos, confusão, barulho e strees. Contudo fui parar a uma cidade pequena, onde o trânsito não é muito e é tudo pacato.
A Covilhã comparada com Arouca não é muito diferente… Até o relevo é idêntico! Mas se no meu percurso tivesse surgido uma cidade como Porto ou Lisboa a adaptação teria sido mais dificultada. Por outro lado, os concursos em que participei foram, na maioria, em grandes cidades e por isso estar lá não seria novidade. Novidade seria estudar e viver lá!
Será sempre um choque passar de uma vila para uma cidade, e no primeiro ano de faculdade a dificuldade é exatamente essa: a adaptação a tudo, todavia quando há capacidade e estamos naquilo que gostamos o resto passa a ser secundário! 






10. Como imaginas a tua vida daqui a 10 anos?

Daqui a 10 anos vejo-me como médico. Espero que numa especialidade do meu gosto, como neurocirurgia ou neurologia. Contudo estas coisas são difíceis de prever. Até lá o ensino da medicina ainda vai mudar muito, ainda vou aprender muita coisa e até lá os meus gostos podem mudar.
Não sei se o meu futuro passará por Arouca ou se será noutro sítio, mas uma coisa tenho a certeza: Estarei feliz porque estarei a fazer aquilo que gosto e que projetei para mim.